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quarta-feira, 10 de maio de 2023


Rosa Luxemburgo:


Sou com algemas: sacudo braços nos braços de empregados que magoam. Estou sem palco: apelar à paz é lançar a guerra. Ombros largos dissolvidos pela prisão umbrosa, clavículas com arte a dispersarem-se como migalhas sopradas: pessoas de partido igual afastam-se porque sim. Nunca mais a mão passará no pêlo do gato sossegado: para onde vou de mordaça? Querem o meu suor nas escadas como se não mancasse. Estou sem protesto: as pulsações a morrer às mãos de empregados que magoam. Sou para a necrópole: o que ainda podia ser já não será. Matamo-nos uns aos outros como anjos. A paz é sempre podre. Onde caio é feio: bonecas sem pernas e lodo poluído como manta.



Miguelsalgado, AQUERONTE


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