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terça-feira, 12 de julho de 2022

 

JOSÉ 


És sem graça. Trazes túnicas para não tirar ao deitar.

És sem graça. Os percevejos pousam livremente no peito do teu pé.

Na banca do talho reparas nas carnes mortas.

Repara também como as moscas só param demoradamente nos pedaços parados.

Não precisas de olhar para o lado. Não há nada a dar socorro à tua ereção.

Exalas monotoneísmo dentro do teu eu.

Já vi um Hematófago enorme a trepar a parede do teu quarto enquanto dormias.

Queres perder todo o sangue sem dares por isso?



Miguelsalgado, Escuro