Etiquetas

domingo, 10 de março de 2013


"A Palavra Interdita" (2011)

 
 

 

 

“Os homens não o podem ser se não forem livres” (Salvador Espriu)

 Livro composto por autores que experimentaram (fisicamente) o cárcere. Seleção de Egito Gonçalves. E também algumas das traduções.


__________________

 

 
Faraj Birqdar: Poeta sírio condenado a 15 anos de prisão por participar num grupo político antiviolência.

 

E quando o desespero
vier bater à tua porta
levanta-te, escreve uma mensagem simples
na parede:
ESTE HOMEM ESTÁ DESEPERADO

 
A seguir diz isto ao teu senhor, o sultão:
A tua cela não é mais estreita que a sua sepultura,
nem mais duradoura que a sua vida.
Há-de chegar o dia em que a terra
também há-de acolher o seu cadáver,
primeiro os pés
com o esquecimento a acompanhar o funeral.



 
Tradução de Maria de Lourdes Guimarães

 
 



 
Miklós Radnóti: Nasceu na Hungria em 1909. Estudou na universidade de Szeged e visitou inúmeras vezes Paris. Passou os últimos anos da sua vida em campos de trabalho. Judeu e antifascista, foi levado pelos nazis para as minas sérvias de Bor. Depois de uma marcha forçada, foi abatido pelos guardas nos finais de 1944. Quando o seu corpo foi exumado, encontraram um bloco de notas com o resto dos poemas que ele tinha iniciado em 1930.

 
 
Bilhetes postais/ Razglednice
 

Eu caíra a seu lado, o seu corpo convulso
era como uma corda tensa, pronta a estalar.
Um tiro na nuca. “Terás igual destino”,
murmurei para comigo, “basta jazeres em paz”.
Floresce morta agora a paciência.
De cima soou: “Der Springt noch auf” (“Esse ainda se levanta”)
Secavam lama e sangue na minha orelha.

 

 

Tradução de Zoltán Rózca, versão de Teresa Balté

 




(Editora: Campo das Letras)

Sem comentários:

Enviar um comentário