Sócrates:
A dose letal caiu aqui: chegou até aqui não sei como: veio até aqui não sei donde. Poderei ainda atirar este veneno para longe mesmo estando já em mim? Pergunto-me para que lado vou cair quando cair no último acto: cairei para lado algum? A quem estará destinada a infelicidade de lavar este morto detestado? Só sei é que nos últimos tempos só apanho as ondas sonoras dos presos. Questiono os deuses e não há respostas: ficam à distância, mais quietos que uma estátua de Fídias. Sou obrigado a desligar-me: uma vida sem a minha música é uma vida que não vale a pena ser vivida.
Miguelsalgado, AQUERONTE
Sem comentários:
Enviar um comentário