Alexandre Nave - "Vão Cães Acesos pela Noite" (2006)
Carne no canhão. Sangue a escorrer do alvo.
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[CÂNTICO DA PÁTRIA]
Vamos em marcha explícitos na matrícula
a pátria nua do buraco onde cavamos,
estéreis sobre o pó dos caminhos,
guardamos os pulmões de amores
escondemos a marca pelo corpo,
deitamos o corpo sobre a cólera,
os queixais abertos da caçada
tatuados de algarismos descansamos
o nome inscrito na memória,
furamos as vísceras infectadas de febre
deitamos sangue negro pelo cu
inchados de raparigas prenhas
aliviamos a carne da matança
ungidos de quem foi à sorte,
guardamos a fronteira da pátria
deitamo-nos de orelhas ao vento
limpamos os intestinos na erva
entre arvoredo e gado,
enterramos carne, sangue e merda.
ALEXANDRE NAVE, Vão Cães Acesos pela Noite
(Editora: Quasi Edições)
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