Deambulam. Contemplam. Percorrem as dunas e as ruas desertas da aldeia. Ele parece ter a cura. Ela parece querer a cura.
domingo, 30 de junho de 2013
terça-feira, 25 de junho de 2013
terça-feira, 18 de junho de 2013
Chagas
Assustei com uma canção feia. A minha esquerda. A minha direita. Para olhar para a frente. Olhei para trás. Vi a cruz das 4 direções do espaço. E parei. Parei diante de um cruzamento supersticioso. Com vermes. Corados. A espernear. Saídos de buracos húmidos com pêlos. Pretos. Mortos.
Miguelsalgado, Escuro
domingo, 16 de junho de 2013
Dilúvios
2.
Sonhei com um cavalo-marinho de boca aberta nas montanhas.
Estava morto mas mexia-se.
O vento empurrava-o e ele rebolava com a boca aberta.
Nas montanhas vi homens e mulheres a dançar.
Um homem solitário escavava no meio dos homens e das mulheres.
E os homens e mulheres continuavam a dançar.
Riam-se da morte.
E havia água enlameada que não parava de subir.
Tive então um desejo: meter o arco-íris na boca do cavalo-marinho e entrega-lo ao homem que escavava.
Mas vi o homem que escava a atirá-lo para a cova e a tapá-lo.
E a água enlameada chegou ao cume das montanhas. E continuou a subir. E submergiu.
O lugar ficou inundado de cabeças a tentarem manter-se à superfície. Ficou inundado de braços aflitos no ar.
Homens e mulheres que dançavam ficaram em pequenos sítios flutuantes e foram-se empurrando uns aos outros.
Até que ficou apenas um exemplar de homem e mulher que dançava por cada sítio flutuante:
TODOS MORREM DEVAGAR.
E o homem que escavava morreu antes dos homens e mulheres que dançavam.
2.
Sonhei com um cavalo-marinho de boca aberta nas montanhas.
Estava morto mas mexia-se.
O vento empurrava-o e ele rebolava com a boca aberta.
Nas montanhas vi homens e mulheres a dançar.
Um homem solitário escavava no meio dos homens e das mulheres.
E os homens e mulheres continuavam a dançar.
Riam-se da morte.
E havia água enlameada que não parava de subir.
Tive então um desejo: meter o arco-íris na boca do cavalo-marinho e entrega-lo ao homem que escavava.
Mas vi o homem que escava a atirá-lo para a cova e a tapá-lo.
E a água enlameada chegou ao cume das montanhas. E continuou a subir. E submergiu.
O lugar ficou inundado de cabeças a tentarem manter-se à superfície. Ficou inundado de braços aflitos no ar.
Homens e mulheres que dançavam ficaram em pequenos sítios flutuantes e foram-se empurrando uns aos outros.
Até que ficou apenas um exemplar de homem e mulher que dançava por cada sítio flutuante:
TODOS MORREM DEVAGAR.
E o homem que escavava morreu antes dos homens e mulheres que dançavam.
Miguelsalgado, Escuro
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